segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Conhecimentos Básicos (Parte 3 de 3)

GEOPOESIA QUE VIROU TEORIA


Alguns gênios percussores sugeriam a separação de continentes por volta de 1.600, 1.800 e 1.900. Hoje qualquer um abre o Google Earth (que ferramenta abençoada, obrigada Google!) e pode visualizar o desenho dos continentes e imaginar como a América do Sul se encaixaria perfeitamente na costa Africana, mas naqueles tempos não era assim, definitivamente não. Então, como eles pensaram nisso? Eu não sei, mas por isso os denomino de gênios percussores, são eles: Abraham Ortelius (1596), Francis Bacon (1662), François Placet (1666), Alexander Humbolft (1801), entre outros. #SouFã

Apenas em 1912-1915 foi criada a Teoria da Deriva Continental de Wegener e, depois de anos de discussões acalouradas no mundo acadêmico geológico, finalmente, em 1967 surge a Teoria da Tectônica de Placas (Dietz, Hess).  Porém, nesta época, não existiam evidências conclusivas, nem provas físicas, matemáticas ou materiais, apenas uma teoria com certo sentido lógico. Naquele tempo, Hees foi apelidado sarcasticamente de "geopoeta" e sua proposta de "geopoesia". Como o mundo dá voltas, atualmente sua "geopoesia" é considerada um dos fundamentos primordiais para o estudo de Geologia e como comprovaram isso? Vou tentar explicar da maneira mais simples e direta que eu conseguir:


Prova Material 1 - Distribuição de fósseis

Os fósseis de répteis terrestres que existem nos registro geológicos da América do Sul são do mesmo tipo dos fósseis de répteis terrestres que existem nas rochas de mesma idade na África, ou seja, um dia esses dois terremos foram conectados. A mesma coisa acontece em diversas outras partes do mundo que hoje já são mapeadas, veja a figura:



Prova Material 2 - Distribuição de Terremotos

Atualmente existem tecnologias para detectar a localização e a profundidade dos sismos com boa precisão. Dessa forma, pesquisas confeccionaram mapas (como esse abaixo) que mostra a localização e a profundidade dos sismos. Tá, mas qual é a relação disso com a teoria de placa tectônicas?

i) Os sismos acontecem nos limites de placas tectônicas;

ii) Repare na América do Sul, da esquerda para direita, os sismos vão ficando cada vez mais profundo (amarelo, depois verde, depois roxo). Isso demonstra que a placa de Nasca está se movendo da esquerda para direita, indo para baixo da placa tectônica Sulamericana.







FINALMENTE: A TEORIA DA TECTÔNICA DE PLACAS

A tão famosa Teoria da Tectônica de Placas é fundamental para todos os estudos de Geologia no Planeta, sua descoberta foi um grande marco das ciências da terra. Mas afinal o que ela diz? A Teroria simplesmente afirma o que está desenhado na figura acima: a porção mais rígida do Planeta (ou seja a litosfera) é dividida em muitos pedaços que se movem lentamente (poucos centímetros por ano), cada placa possui uma velocidade e direção específica. O movimento  das placas se dá pelo fluxo de calor interno na astenosfera, algo semelhante ao movimento que se dá quando se ferve uma água na panela (a água mais quente sobe enquanto empurra a mais fria para baixo, surgindo a convecção que é o clássico movimento circular de uma água fervente), veja:


A movimentação das placas tectônicas cria diferentes ambientes tectônicos: quando nos referimos a ambiente interior à uma placa, denominamos de ambiente intraplaca, o contrário é denominado de ambiente de limite de placas que pode ser classificado em divergente, convergente ou transformante.




Em um gigantesco "jogo das cadeiras", as placas de movem para cá e para lá, observe as setas na figura abaixo. Nesse grande “jogo das cadeiras” das placas tectônicas, tendo como referência a figura a cima, os movimentos são mais ou menos assim: enquanto a placa africana se move da esquerda para direita, a placa Sulamericana se move da direita para a esquerda, dessa forma podemos afirmar que o limite entre essas duas placas é DIVERGENTE, já que elas estão se afastando uma da outra. Nisso, o “jogo das cadeiras” não para por ai, se a placa Sulamericana se move da direita para a esquerda e a placa de Nazca se move da esquerda para direita, podemos dizer que o limite entre essas duas placas é CONVERGENTE, já que elas estão se apertando uma contra a outra. Além desses dois tipos de limite entre placas, existe o limite TRANSFORMANTE ou CONSERVATIVO que é o caso da famosa falha de San Andrés na costa oeste dos Estados Unidos.
 


Cada tipo de limite de placa gera um Ambiente Tectônico específico: ambiente convergente, ambiente divergente ou ambiente conservativo. Cada um desses ambientes tem interações específicas e formam  rochas e estruturas de acordo com essas interações.  É inviável explicar os detalhes de cada um desses ambientes aqui, então, deixarei para explicar nos próximos posts o que mais importa (pelo menos nesse momento), que é o ambiente convergente responsável por formar cadeias de montanhas, como a Cordilheira dos Andes.

Outro ponto importantíssimo de se entender é que a figura demonstra os ambientes geológicos que existem hoje, porém, considerando o tempo geológico, sabemos que somente no território brasileiro há registro de diversos ambientes tectônicos distintos. Então, o essencial é entender que as rochas nos contam como a Terra era no passado geológico longínquo.