segunda-feira, 17 de outubro de 2016

DESERTO DO ATACAMA

Nada mais nada menos do que o local mais seco do Planeta Terra. Mais seco do que o maior deserto do mundo, mais seco que Brasilia (eh, parece difícil, mas eh!)..  Eu poderia simplificar e resumir as informações do video em um texto aqui, mas francamente, nao tive tempo e, também, nao seria tão instrutivo quanto o video completo. Então, recomendo, assistam ao video, ele explica muitas coisas.





Geólogo e curiosos que quiserem saber mais sobre, separei alguns artigos, mas nao consegui sintetizar nem publica-los. Mas se alguém quiser, eh so pedir. Agora, partiu, saindo de São Paulo, rumo a Lima... saindo da programação passando para a realidade!!!

domingo, 16 de outubro de 2016

LAGUNAS

Finalmente, chegou o dia da viagem. Então, peÇo desculpas pela desconfiaraÇao do teclado e pela simplicidade da publicacao. Mas, eh isso ai, vamos que vamos!!!


LAGUNA VERDE

Eu ainda nem vi, mas ja eh a minha predileta!!!



Belíssima laguna que fica aos pés do Vulcão Licancabur. Ela apresenta uma coloração verde esmeralda na maior parte do tempo, isso acontece devido aos elementos químicos predominantes nela: magnésio, carbonato de cálcio e arsênio. Achei relevante citar que ela tem esta cor na maior parte do tempo porque alguns relatos de mochileiros trazem frustraÇões, como essa foto, por exemplo:




Ao lado da laguna verde, se encontra a laguna Blanca, como mostra a figura abaixo:




Assim como no lago de Coipasa e Uyuni, a Laguna Blanca se encontra um pouco mais elevada do que a Laguna Verde, permitindo, assim, que a concentração de elementos seja maior na laguna verde e, dessa maneira, intensificando a sua cor.

Mas porque nem sempre ela está verde esmeralda … a explicação eh relativamente simples, algo parecido com um copo de agua cheio de açucar no fundo, quando voce mexe a agua do copo, o liquido inteiro fica turvo. 



LAGUNA COLORADA

Laguna Colorada é um grande e belo "hotel" de flamingos. Sua cor é dada por uma mistura de sedimentos avermelhados e de algas. Então, para que a coloração da laguna fique enfatizada é necessário que o vento balance a sua água e eleve os sedimentos do fundo. Ao contrario da Laguna Verde, quanto mais vento, mais a sua cor estar enfatizada, sua cor varia de vermelho a outros diversos tons marrons.





LAGUNA HEDIONDA

Hedionda em espanhol é um adjetivo dado a "Que desprende un olor malo". Então, sim.. ao que tudo indica fede mesmo. Assim como nos vulcões, a culpa é sempre do enxofre (em espanhol: azufre).



Nao eh la muito agradável, mas logisticamente eh estratégico uma pausa para almoçar aos arredores desta laguna.


sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Vulcões Ollague, Licancabur e Lascar


Faltando apenas dois dias para a viagem, consegui fazer um apanhado de informações sobre os Vulcões mais próximos que iremos passar. Eles ficam na região de Antofagasta, norte do Chile, na verdade, bem na fronteira com a Bolívia no caso do Ollague e do Licancabur. Por isso, estes pontos turísticos apresentam duas visões: a "visão boliviana" e a "visão chilena". 

Esta região é a região vulcânica central (CVZ), mostrada nos mapas do post sobre a Cordilheira dos Andes. De norte para sul, estão: Ollague, Licancabur e Lascar como ilustra a imagem a seguir:



Observação: O percurso registrado na imagem seria um caminho direto de Uyuni para o Atacama, não é a travessia clássica que apresentei no post anterior sobre Uyuni.




VULCÃO OLLAGUE


Localizado na fronteira entre Chile e Bolívia (21°18′S, 68°11′W), na Zona Vulcânica Central dos Andes, o Vulcão Ollague é visto no horizonte em diversos passeios do lado Chileno e pode ser visto na travessia de Uyuni (3 ou 5 dias, isso com vc indo ou não indo para o Atacama, de qualquer forma, verá o Vulcão).

Bom, ele é um vulcão quaternário (bastante recente quando consideramos o tempo geológico) tem aproximadamente 85km³ de volume e apresenta em seu topo uma insistente fumarola que pode ser vista no horizonte, essa fumarola está associada a cúpula de lava no interior do vulcão. Atualmente a 5.868m de altitude no seu pico norte e 5.863 no seu pico sul, ao seu redor encontram-se os salares de Ollague e San Martin no patamar médio de 3.690-3.694m, então, o desnível da sua base até o topo é de aproximadamente 2.170m.


Em 2005, cientistas utilizaram o novo método de datação de rochas 'recentes' utilizando o elemento químico Argônio. Esses estudos de datação de rocha identificaram 4 eventos de atividade deste vulcão, cada um desses eventos formou um conjunto de rochas que denominamos de série, a saber:


  • Série Vinta Loma (Ollague I): é uma sequencia de rochas formadas pelo derrame de lavas em mais ou menos 1.230 a 910 anos atrás.
  • Série Santa Rosa (Ollague II): foi um evento de colapso vulcânico lateral, formando rochas pelo derrame lateral e depósitos de avalanche á mais ou menos 870 a 641 anos.
  • Série El Azufre (Ollague III): derrame de lavas pelo ápice do vulcão há mais ou menos 410 a 292 anos atrás.
  • Série Cecilia (Ollague IV): derrame lateral de lava com depósitos de avalanche associados há mais ou menos 220 a 130 anos atrás.



A) Structural map of the summit area (above 4750 m asl) of the Ollagüe volcano. Aerophoto centered on the Ollagüe volcano summit (shooting 1964, scale ∼1:50,000) as base map. CI: crater rim I; CII: crater rim II; CIII: crater rim III; SIa and SIb: fault scarp I; SIIa and SIIb: collapse scarp II; SIII: collapse scarp III. Location of new 40Ar/39Ar dated samples is shown by black diamonds. Lithostratigraphic units boundaries as in panel B. B) Geologic map of the summit area (above 4750 m asl) of the Ollagüe volcano. White areas are colluvium cover and glacial deposits. Symbols as in panel A. (Vezzoli et. al, 2008)





Photographs of the north-western (A), south-eastern (B) and southern (C) flanks of the summit area of the Ollagüe volcano showing the lithostratigraphic units and the structures described in the text. Unit numbers and symbols as in Fig. 3. A) The north-western flank shows the unconformity between Vinta Loma series (unit 1) and Santa Rosa series (unit 2) lavas along the fault scarp SIa. The collapse scarp SIIa is on the Santa Rosa series lava flows. The collapse scarp SIII is at the base of the lava domes of the Santa Cecilia series. In the background, the hydrothermally-altered mega-breccia deposit (unit 4) is related to the failure along the collapse scarp SIIa. The crater rims CII and CIII are visible along the outline of the mountain. B) The eastern flank shows the unconformity between the sub-horizontal lava beds of the El Azufre series (units 6 and 9) and Santa Rosa series (unit 2) and the outward dipping Vinta Loma series lava flows (unit 1). C) On the right side of the southern flank, the collapse scarp SIII cuts the lava flows of the El Azufre series (unit 7 and 8). In the foreground the profile of the crater rim CIII forms the outline of the Ollagüe South peak. On the left side, the active lava dome is evidenced by fumarolic activity. (Vezzoli et. al, 2008)


Seguindo essa lógica de datas, ele entra em atividade mais ou menos de 400 em 400 anos. Como tem no máximo 220 anos desde sua última atividade, acho que estamos seguros para ir visitá-lo em 2017. Mais uma vez, é claro que não existe nenhum tipo de certeza quando o assunto é eventos da natureza, tudo pode acontecer. Nele então, gente, a fumacinha está lá todos os dias! Eu sinto como se fosse o vulcão falando: olha, eu ainda estou vivo, viu?!

Inclusive, o Serviço Nacional de Geologia e Mineração (Sernageomin) do Chile decretou ALERTA VERDE para o Vulcão Ollague, no dia 01 de Setembro de 2016.

"El Servicio Nacional de Geología y Minería (Sernageomin) da a conocer la siguiente información, obtenida a través de los equipos de monitoreo de la Red Nacional de Vigilancia Volcánica, procesados y analizados en el Observatorio Volcanológico de los Andes del Sur, centro de interpretación de datos del Sernageomin: Hoy jueves 1 de septiembre de 2016 las estaciones de monitoreo instaladas en las inmediaciones del volcán Ollague, registraron un enjambre de sismos volcano tectónicos (asociados a fracturamiento de roca), registrándose entre las 20:54 hora local (23:54 GMT) y las 22:45 hora local (01:45 GMT) un total de 130 eventos. El evento de mayor energía tuvo una magnitud local de 2,5 y fue localizado a 2,5 km al nor-noroeste (NNO) del cráter principal."




Quem quiser ler com mais detalhes, recomendo:






VULCÃO LICANCABUR


Localizado na fronteira entre Chile e Bolívia, na porção sul na Zona Vulcânica Central dos Andes, o Vulcão Licancabur está a aproximadamente 175km do Vulcão Ollague. Ambos podem ser vistos no horizonte em diversos passeios do lado Chileno e na travessia de Uyuni (3 ou 5 dias).

Fig. Localisation du volcan Licancabur dans la zone volcanique des Andes centrales ; en cartouche bas: les quatre zones volcaniques andines (NVZ : 58N—28S, CVZ : 148S—278S, SVZ : 338S—468S et AVZ : 498S—558S, zones septentrionale, centrale, méridionale et australe, respectivement) et haut : la CVZ au sud de 178S (Figueroa et. al, 2008)


É um vulcão "adormecido", tudo indica que foi principalmente constituído aós o período glacial tardio (12-10 mil anos atrás). Possui três principais unidades litológicas: upper unit, intermediate unit e lower unit. Além disso, apresenta depósitos associados de moraines e avalanches, conforme ilustra a figura acima. 



Do lado boliviano é possível ter uma linda visão da laguna verde aos pés do vulcão, já do lado chileno a vista é composta apenas pelo próprio vulcão, como ilustram as imagens a seguir:

Laguna verde e o Vulcão Licancabur, Bolívia.

Vulcão Licancabur, Chile.






VULCÃO LASCAR

Foi o único vulcão da região que nós, meras mortais, cogitamos subir. Subir mesmo, fazendo um trekking de dificuldade elevada. Ainda não abandonamos totalmente a ideia, mas ao fazer umas cotações de preços achamos melhor deixar para lá. Sem contar que a subida é HARD mesmo, não é um passeio, é uma aventura. Como ainda não fui, não sei. Quem sabe conseguiremos um bom desconto com alguma empresa lá, mas pagar 120.000CH (+/- 170 dólares) em tempos que o real está valendo quase nada, não será fácil.

O Vulcão Lascar tem 5.592m e está situado a 70km ao sudeste da cidade de São Pedro do Atacama, ou seja, a uns 60km do Vulcão Licancabur. Li relatos que é possível contratar uma empresa que te busca em San Pedro do Atacama e te leva até o pé do vulcão dando suporte na subida e descida, retornando no mesmo dia para San Pedro.

O que mais chama atenção neste vulcão é que sua atividade é recente. Quando digo recente é recente mesmo, desta vez sem apoio do tempo geológico. Em 1993, ele entrou em erupção e se formou uma enorme nuvem de cinzas, foram tantas cinzas que elas chegaram até o litoral brasileiro.





Há quase um ano atrás (30/10/2015) o Serviço Nacional de Geologia e Mineração do Chile (SERNAGEOMIN) decretou ALERTA AMARELO depois da observação do aumento de atividade no Vulcão Lascar. Nesta data, foram emitidas cinzas em uma coluna de fumaça de 2.500m.


Referências:



quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Geysers / Gêisers , Fumarolas e Termas Naturais




Falar de geysers não é nada simples. A primeira dúvida é como é que se escreve isso afinal? Geiser? Géiser? GÊiser? ou seria Geyser? Além disso, como é que se pronuncia essa palavrinhas bem peculiar?


ETIMOLOGIA

(https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/a-etimologia-a-pronuncia-e-o-significado-de-geiser/31927)

Em português, aceita-se a forma geyser, pronunciada "gáizer", próxima da atribuída ao inglês americano, embora exista um aportuguesamento,gêiser, que soa "jêizer" (cf. Dicionário Houaiss e transcrição fonética das respetivas entradas no dicionário da Academia das Ciências de Lisboa).1 Parece muito pouco provável que geyser/gêiser provenha diretamente do islandês; o mais plausível é o termo ter chegado ao português por via do inglês, eventualmente pelo alemão, como sugere o Dicionário da Língua Portuguesa da Infopédia — e, já agora, porque não pelo francês? Quem sabe se foram estas três línguas ao mesmo tempo, por intermédio dos livros que chegavam a Portugal ou ao Brasil, que contribuíram para a adoção da palavra em traduções? Não obstante, o facto de a palavra estar atestada pela primeira vez em 1838 (cf.Dicionário Houaiss), numa época (o século XIX) em que o francês atuava como língua de divulgação científica para muitas outras, leva-me a não descartar a hipótese de uma transmissão francesa, pela razão que explico um pouco mais abaixo.2
Assim, relativamente à grafia e pronúncia da palavra em apreço, convém observar o seguinte:

1. Entre os vocabulários ortográficos atualmente disponíveis, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras e o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Porto Editora acolhem o aportuguesamento gêiser e o estrangeirismo geyser. OVocabulário Ortográfico do Português do ILTEC apenas consigna geyser como estrangeirismo, enquanto no Vocabulário Ortográfico Atualizado da Língua Portuguesa da Academia das Ciências só figura gêiser. Por outras palavras, o aportuguesamento que a norma prevê é gêiser, e não outras grafias; também se admite a grafia geyser, mas, como é hábito nestes casos, recomenda-se o uso de itálico ou de aspas. Observe-se que, antes da aplicação do Acordo Ortográfico de 1990, já se registava a forma gêiser em alguns dicionários (p. ex., Dicionário Houaiss e dicionário da Academia das Ciências de Lisboa). José Pedro Machado, por seu lado, apresentava géiser quer no Grande Dicionário da Língua Portuguesa quer no Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, mas esta variante gráfica e fónica não parece ter atualmente favor. É, portanto, estranho que o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa (em linha) a assuma como característica do português europeu, em contraste com gêiser, que classifica de variante brasileira, uma vez que, como já apontei, em dicionários do português europeu também ocorre a forma gêiser, sem menção de se tratar de forma brasileira.

2. Não excluindo a possibilidade de a palavra ter sido pronunciada "guêiser", de algum modo conservando a consoante articulada em islandês, a verdade é que a criação do aportuguesamento gêiser terá tido em conta a leitura da forma geyser de acordo com as convenções próprias da ortografia portuguesa (um g seguido de e tem o mesmo valor do j de viaje). Outra hipótese é o vocábulo ter sido transmitido com conhecimento da sua pronúncia em francês, língua em que a pronúncia com j veio a prevalecer sobre a que tinha o g oclusivo (como em guerre; cf. comentário sobre geyser no Centre de Ressources Textuelles et Lexicales).

3. Sobre o significado de geyser/gêiser, o que foi referido transpõe exatamente a informação da nota etimológica do Dicionário Houaiss. Pela observação da consulente, tal informação será pouco exata; contudo, parece-me que a definição «poço que jorra» é mais a descrição de um dado fenómeno natural do que a tradução fiel ou literal de geyser. De qualquer modo, fica registado o reparo.

1 Um geyser/gêiser é «jacto intermitente de água quente que irrompe do solo» (Dicionário Priberam da Língua Portuguesa).

2 José Pedro Machado, no Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, aventa a possibilidade de a palavra gêiser (que este autor grafa como géiser) ter entrado na língua portuguesa no século XIX, por via do inglês. Antônio Geraldo da Cunha, no seu Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa (Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 1986) afirma sem hesitações que o termo vem «do ing[lês] geyser, deriv[ado] do islandêsGeysir, nome próprio de certa fonte de água quente na Islândia.

COMO SE FORMAM OS GÊISERS?

Tá. Agora que já sabemos como se escreve e se fala, vamos descobrir como é que se formam esses "jatos intermitentes de água quente que irrompem do solo".

A formação de um gêiser depende de diversos fatores. Primeiro é necessário que exista água no subsolo, segundo é preciso que nesse subsolo exista uma grande fonte de calor e, em terceiro, é essencial que existam espaços vazios nesse subsolo para que a água consiga ser transportada até a fonte de calor e depois que ela se aquecer que ela consiga subir até emergir no solo. Então, o sistema todo funcionará como uma espécie de bombeamento natural da água. Como? A água entra em temperatura natural, se move até  o aquífero (reservatório de água subterrânea) e recebe calor da fonte de calor, então, se aquece e entra em ebulição, além disso, essa fonte de calor (que quase sempre é a geoterma relacionada a um vulcão) emite gases que entram no aquífero, então, além de vapor d'água esses gases começam a se movimentar e quebram o equilíbrio do ambiente do aquífero devido ao excesso de energia localizada, assim, ocorre a "explosão de água" (pensa numa água esquentando no fogão da sua casa, ela começa tranquila e parada, aos poucos começa a se movimentar, quanto está fervente, a água além de bolhas começa a "estourar" pra cima, voando um pouquinho de água para além da panela.. é essa a idéia!). Então, a água sobe do solo em jatos que alcançam até 8 metros  e 70ºC de temperatura (em Yellowstone, local famoso onde se concentram mais de 200 gêisers). Depois da explosão o sistema entra em equilíbrio novamente e se inicia um novo ciclo, ou seja, mais água irá se acumular, se aquecer juntamente com outros gases até o limite que irá explodir novamente e assim segue, sucessivamente, ciclo pós-ciclo.





Cada geiser tem suas peculiaridades. Alguns emitem água em intervalos de poucos segundos, outros apresentam suas explosões em intervalos de semanas. Isso depende do sistema subterrâneo de fornecimento, transporte e elevação da temperatura da água no subsolo. Apenas quando a água atinge seu limite de instabilidade ocorre a erupção da água. A temperatura que a água é expelida também varia bastante, de 50ºC a 140ºC a depender das variáveis do sistema. Mas aí vem uma curiosidade química: como é possível a água ter temperatura de 140ºC se o ponto de ebulição da água é 100ºC. Bom, esse ponto de ebulição de 100ºC conhecido por todos nós é válido e real, porém, só se aplica a "temperaturas normais de pressão" ou seja na pressão padrão que vivemos. Porém, lá em baixo no subestrato rochoso, as pressões são bem mais elevadas, permitindo que a água atinja temperaturas elevadíssimas sem entrar em ebulição e, quando o sistema atinge o seu completo desequilíbrio e explode, a água sobe tão rápido que não consegue virar totalmente vapor antes ates de atingir a superfície.


Gêiser X Águas Termais X Fumarolas

Um ponto importante é a variável do nível de dificuldade do caminho percorrido pela água. A depender disso podemos ter a formação de três coisas distintas: fumarolas, gêisers ou nascentes termais.


Fumarola: cavidade no chão que expele fumaça, normalmente branca. A maioria das fumarolas ocorre nas regiões vulcânicas e os gases expelidos são geralmente mistura de dióxido de carbono, hidrogênio, sulfeto de hidrogênio, ácido clorídrico e nitrogênio. Por isso o famoso e incomodo cheiro de enxofre costuma estar presente. Não há jato d'água devido a ausência de água ou do sistema adequado de transporte e ambiente para acumulo de pressão que geraria a explosão.

Fumarolas na Travessia de Uyuni para Atacama



Gêiser são cavidades no chão que expelem jatos intermitentes de água quente, além de água, também estão presentes os vapores, assim como nas fumarolas. Eles se formam em locais que o transporte da água se encontra em um ambiente relativamente fechado, propício a elevação de pressão até que exploda água para cima para aliviar esta pressão.

Explosão de um pequeno Geiser do complexo de Geisers El Tatio (Travessia de Uyuni para Atacama)




Nascente Termal: como qualquer nascente de água, é um local onde a água brota do subsolo, neste caso, em especial, a água apresenta temperaturas mais elevadas do que as usuais uma vez que passou pelo processo de aquecimento semelhante ao das estruturas supracitadas, porém, nesse caminho não existiu o ambiente propício a acumular água+gases de maneira que houvesse o aumento considerável de pressão, então, sem este ambiente não há pressão suficiente para a explosão de água, por tanto, a água apenas nasce no solo, como uma nascente comum. São nascentes (ou poços que captam água do subsolo quente) que alimentam as piscinas termais ou lagos/rios termais. Quem já assistiu "O Inferno de Dante" conhece os perigos de águas diretamente relacionadas a vulcões. Se é verdade? Não sei afirmar o quão verdade ou quão mito, mas posso afirmar com certeza que quando falamos de vulcões, terremotos e demais eventos naturais grandiosos do Planeta, certamente a única certeza que temos é que nada é certo e que nada é previsível. 

Piscina Termal (Travessia de Uyuni para Atacama)





Gêiser e os Geisersitos

As águas que entram em contato com as rochas no subsolo, aos poucos, vão dissolvendo as rochas e absorvendo parte de seus elementos. Quando ocorre a explosão de água, a água com esses elementos (basicamente sílica) começa a cristalizar e construir ao redor do orifício do geiser um cone (algo parecido com um minivulcão) popularmente de geiserita que na verdade é composto de calcedônia e/ou opala (variedades criptocristalinas do mineral de quartzo, SiO2).

El principal y más grande montículo de sinter del campo, el cual tiene unas dimensiones de 1,5m de alto y 2 m de diámetro. (Fotografía: Miguel Cáceres Munizaga/14-08-2009) - Foto: 



GEOSITIO GEISERES EL TATIO

(http://www.sociedadgeologica.cl/geiseres-del-tatio/)


"El Tatio es el campo geotérmico más reconocido del país y principal destino turístico de la zona norte. Se ubica a 65 km al este de Calama, a 4.290 ms.n.m (el más alto del mundo). Se compone de 80 géiseres activos (8% mundial), fuentes termales y amplias terrazas de sinter que comprenden un área de 10 km2, lo que lo posiciona como el campo de géiseres más grande del hemisferio sur y el tercero a nivel mundial. Está emplazado en los niveles superiores de un graben de ~4 km de ancho por 6 km de largo, el cual está relleno por 800 a 2000 m de rocas volcánicas, su flanco oeste lo constituye el Horst Serranía Tucle-Loma Lucero, mientras que por el este, estratovolcanes andesíticos y domos riolíticos del Grupo Volcánico El Tatio. El agua proviene de un área de entre 12 – 20 km2 localizada al E-SE, la cual migra lateralmente por tres acuíferos (ignimbritas Puripica, Salado y dacita Tucle), los cuales están sobreyacidos por unidades relativamente impermeables (tobas Tucle e ignimbritas Tatio). El sistema hidrotermal es alimentado por los las calderas Pastos Grandes y Guacha, permitiendo que agua caliente surja controlada por fracturas NW-SE y NE-SW."




REFERÊNCIAS

http://www.sociedadgeologica.cl/geiseres-del-tatio/

http://www.sociedadgeologica.cl/geiseres-del-tatio/

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Salar de Uyuni



História Geológica do Salar (Simplificado)


Era uma vez um lago gigante.. em meio a uma gigantesca cadeia de montanhas, mais precisamente, entre a Cordilheira Ocidental e Oriental, bem no Altiplano.

Há muito tempo atrás (uns 10.000 anos) esse lago ocupava uma área maior do que a área do lago Titicaca ocupa hoje. Aos poucos o clima do planeta passou por um período consideravelmente muito seco que durou cerca de 6.000 e o aporte de água que abastecia esse lago gigante foi diminuindo aos poucos. Assim, esse lago gigante se dividiu em três lagos: Uyuni, Coipasa e Poopo.

Com o passar do tempo, a porção sul do lago secou e formou o que hoje chamamos de Salar de Uyuni. A porção central também secou, mas ainda resta um pequeno laguinho na desembocadura do Rio Lauca no salar de Coipasa. Por fim, resta até hoje um lago na porção norte do antigo lago Lauca, onde hoje existe o denominado Lago Poopo.

Até hoje, o Salar de Uyuni fica completamente inundado durante a estação chuvosa (janeiro a março), mas permanece seco em quase toda a sua superfície durante o restante do ano (abril a dezembro). Defina bem o que você procura com a época do ano, pois a lamina d'água propicia uma vista única com o céu refletido nela, porém, com a água no chão os guias não adentram muito no salar, então, o passeio fica um tanto quanto restrito a algumas áreas específicas, ficando de fora a Isla del Pescado, por exemplo.

É importante citar que não é qualquer lago que seca e simplesmente forma um mar de sal como o Salar de Uyuni. Na verdade, o Salar de Uyuni é um depósito de sal único no mundo. Vários outros lagos já se formaram e se secaram, mas por que apenas em Uyuni se formou esse imenso salar? A explicação não é tão simples, na verdade, é uma mistura de diversos fatores, entre eles: profundidade do lago, conexão entre o lago Coipasa e Uyuni com diferença de apenas 1m (isso permitiu que, na verdade, a salinidade contida em Coipasa, aos poucos fosse se acumulando em Uyuni e assim, se formou a crosta de Uyuni tão profunda) e a deposição e dissolução de sais para concentração de Na e Cl para formação do montante final presente no salar de NaCl.




(Fontes, 1978 apud Risacher & Fritz, 1991).













Contexto Geológico Regional (não tão simplificado assim)


O Altiplano boliviano é uma bacia fechada de aproximadamente 200.000 km² , a uma altitude de 4000 m. É delimitada pela Cordilheira dos Andes no Oriente e no Ocidente.

A Cordilheira Oriental é caracterizada por sedimentos paleozóicos (Arenitos, folhelhos) e granítica s (Ahlfeld, 1972). As formações paleozóicas também constituem o subsolo do Altiplano. Eles são recobertos com um preenchimento de espessura de sedimentos continentais do Cretáceo e Terciário (arenitos, argilitos, mudstones, folhelhos e evaporitos). Durante o Paleo-Quaternário o oeste e o sul do Altiplano foram fortemente afetados por uma intensa atividade vulcânica.

A Cordilheira Ocidental é na sua maioria de origem vulcânica. Vulcões, fluxos de lava e ignimbritos geralmente sobrepõem as formações terciárias. As rochas vulcânicas variam de andesitos a riodacitos (Fernandez et al., 1973).

Atividade vulcânica no Altiplano começou no Mioceno (23 a 5Ma), aumentou durante o Plioceno (5 a 3Ma) e morreu afastado durante o Holoceno (0,01Ma) (Fernandez et al., 1973).

O baixo topográfico do Altiplano central é preenchido com duas crostas de sal: o Salar de Uyuni (10.000 km², 3,653 m), o que é o maior deserto de sal do mundo, e o Salar de Coipasa (2500 km², 3656 m).

Há cerca de 12.500-10.000 anos atrás, essas regiões eram preenchidas pelo paleolago Lauca que também envolvia a área atual do Lago Poopo. Aos poucos, o paleolago Lauca foi perdendo seu suprimento de água e foi secando, num primeiro momento houve o rompimento com o lago Poopo, restando a região atual de Uyuni e Coipasa ainda conectadas, posteriormente estas duas regiões também se separaram e por fim se secaram quase totalmente.

Uyuni ainda recebe água do Rio Grande ao sul, porém, o rio não tem capacidade de manter o salar com lamina d'água durante todo o ano. Assim, o Salar de Uyuni fica completamente inundado durante a estação chuvosa (janeiro a março) com uma lamina dã 'água de até 30cm, mas permanece seco em quase toda a sua superfície durante o restante do ano (abril a dezembro).

O Salar de Coipasa recebe água Lauca que ainda é capaz de manter um pequeno lago na sua desembocadura, formando pequenos depósitos lacustres e deltáicos atualmente.

O Lago Poopo ainda é um típico ambiente lacustre, mas não forma halita, provavelmente devido a elevada taxa de escorrimento da bacia.

Depósitos do Salar de Uyuni

Apesar de ser conhecido como Salar, o salar de uyuni não é composto exclusivamente de depósitos de sal. Ele possui muito sal (mais sal do que qualquer outro salar do mundo), mas também possui depósitos lacustres (sedimentos depositados da época que havia o lago) e depósitos flúvio-deltáicos (Delta é uma região triangular que se forma quando um rio desagua num corpo de água, assim, sedimentação fluvio-deltáica é composta por sedimentos depositados a época que havia o lago e se formaram na junção do rio - que abastecia o lago - com o lago).


Depósitos de Sal

Pesquisadores coletaram dados de campo em 40 furos em toda a crostado salar. A crosta de sal tem uma espessura máxima de 11m (apesar de outros artigos apresentar dados de até 15m).

Tá. Mas do que é composta a tão famosa crosta de sal? Por que tudo é tão branco? Bom, a crosta de sal é composta de camadas alternadas cerca de 10 cm de espessura de halita sólida e agregados de cristais quebradiço. A composição mineralógica da crosta das amostras obtidas nos furos mostraram que a composição química do salar é de aproximadamente 90% de halita (NaCl) e 1-10% de gispsita e de alguns outros materiais detríticos (pedaços de um monte de outros minerais).

Sedimentos lacustres

A crosta de sedimentos lacustres é formada por uma fina camada de sedimentos lacustres laminados compostos por material detrítico, micrita, gipsita, calcita, matéria orgânica e pequenas quantidades de argilominerais (esmectita e illita). Artemia fóssil e pelotas fecais são onipresentes. Elas são feitas de calcite e gesso e pode ser considerado como um bom critério para o reconhecimento de sedimentos lacustres.

Sedimentos flúvio-deltáicos

De longe, o maior afluxo permanente ao salar é o Rio Grande que construiu uma área de300km2 de delta que se encontra com a crosta de sal. O delta é uma sistema complexo de camadas de argila contendo sedimentos e lentes de areia. Os minerais de argila predominantes são esmectita e alguns de ilita e um pouco de caulinita. Como um todo, sedimentos deltaicos têm uma baixa porosidade e permeabilidade.

Calcita, gesso e ulexita (NaCaB, 09-8H20) são precipitados nos sedimentos deltáicos. Aqui é o maior depósito de borato na Bolívia. Ulexita tem uma média espessura de 0,1 m sobre uma área de 120 km2 e uma teor de água de 50%. As reservas totais de boro podem ser, grosseiramente, estimadas em cerca de 1.6 ~ toneladas.


Considerações Finais

A evaporação dos presentes fluxos não reflete a antiga composição de Paleolago Tauca. Uma possível composição da água do lago é dada em Tabela VI. A concentração de todos os componentes, exceto SO4 e Ca, são aqueles da dissolução salina derivada de solução, multiplicada por um fator de 1,22, a fim de representar uma perda provável de sais durante a dessecação e de obter uma paleosalinidade de 80 g/L. Conteúdos em SO4 e Ca foram aumentados em igualdade de quantidades molares, de modo para atingir a saturação em relação ao gesso.


( Risacher & Fritz, 1991).



O processo para que ocorra o forte enriquecimento em Na e Cl em relação à outra componentes no salar de Uyuni provável é que houve uma lixiviação de evaporitos antigos na área de influência em um estágio inicial de evolução da bacia (Pleistoceno). Uma vez que toda a halita foi lixiviada, o antigo lago, herdou sua peculiar química por redissolução da crosta de sal que foi depositado por seu antecessor. Assim, o Ssalar de Uyuni é o estágio final de uma longa história lacustrina de deposição, dissolução, redissolução e deposição. Então, o Paleolago Tauca foi dissolvido e depositado novamente uma crosta de sal de bastante semelhante composição.


Segundo Rouchy et. al (1993): há 90Ma mudanças na paleogeografia ocorreram nos Andes, durante o Cretácio até o terciário, a bacia teve diversas influência de lagos cuja variação de quantidade de água implica diretamente na saturação de sais, além disso, é sabido que as variações do nível da água dos lagos está diretamente relacionado à razão de evaporação/precipitação, assim como nos lagos tropicais do quaternário. Nesse contexto, lagos hipersalinos são formados nos tempos de seca, assim, são precipitados evaporitos subaquosos (brines) e argilas salinas. Durante os períodos mais úmidos há a formação de carbonatos com uma fauna diversificada típica de lagos.

REFERÊNCIAS

Risacher, F. & Fritz, B. Quarternary geochimical evolution of the salar of Uyuni and Coipasa, Central Altiplano, Bolivia. Elsevier Science Publishers, B. V, Amsterdam. Chimical Geology, 90 (1991) 211-231.

Rouchy , J. M., Camoin, G., Casanova, J. Deconick, J.F., 1993. The central palaeo-Andean basin of Bolivia (Potosi area) during the late Cretaceous and early Tertiary: reconstruction of ancient saline lakes using sedimentological, paleoecological and stable isotope records. Elsevier Science Publishers B.V., Amsterdam: 179-198




















segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Travessia de 3 dias: Uyuni ao Atacama

Nunca fiz a travessia de Uyuni, mas uma boa pequisa no Google te mostra "n" roteiros descrito por muitos viajantes por aí, então, o roteiro é mais ou menos assim:

Dia 1:

1 - Cemitério de trens
2 - Colchani (processamento do sal)
3 - Montinhos de sal
4- Feira local, deserto de areia, etc
4 - Rally Dakar (bandeiras)
5 - Salar propriamente dito + isla pescado


Dia 2:

1 - Salar de Chiguana
2- Mirante do Vulcão Ollague
3 - Lagunas Cañapa, Hedionda, Chiarkota e Honda


Dia 3:

1 - Geisers
2 - Salar de Chalviri
3 - Termas
4 - Lagunas verde e colorada

(Chegada ao Atacama +/- 14h)

Se eu fiz um mapa? Sim, é claro que eu fiz um mapa da travessia desse deserto e não, não é figura de linguagem, é  literalmente um deserto. Como poderia confiar apenas em um motorista que eu nunca vi na minha vida? JA-MAIS. Se eu sou paranoica? Talvez. Mas se vc quiser, eu te empresto meu mapa com pontos para colocar no GPS. haha... Então, o mapa está disponível aqui: Mapa Travessia Uyuni para o Atacama. Brincadeira a parte, apesar de ser uma viagem com conforto perto de zero, relatos de acidentes são mínimos. Então com força e coragem, daqui um dias lá estaremos nós, se Deus quiser!





Então, com base nesse roteiro vou dividir as próximas publicações em:
A) Salar de Uyuni, Coipasa e Lago Poopó;
B) Vulcão Ollague e Licancabur 
C) Geysers e Termas
D) Lagunas


Lago Titicaca e Paleolago Tauca (de certa forma Uyuni)

Vamos falar dos lagos que se formam no meio de uma cadeia de montanhas. Então, direta ou indiretamente esse post diz respeito tanto ao Lago Titicaca quanto ao Salar de Uyuni, já que o salar é fruto de lago que secou.

Não conseguirei abordar nas minúncias de detalhes sobre como e sobre o porquê. Então, aos geólogos recomendo revisar o tema "Ambientes Glaciares, geleiras alpinas" (http://www.igc.usp.br/pessoais/renatoalmeida/P%20GeoSED/Aula%20glacial.pdf. Aos demais leitores, peço desculpas caso não fique tão claro, mas estou com pouco tempo e preciso acelerar as postagens!



EM POUCAS PALAVRAS


Existiram glaciações que formaram vários lagos pelos Andes. O lago Mataro (3.950m) de idade quaternária indiferenciada, os lagos Cabana (3.900m), Ballivian (3.860m) e Minchin (3.825m) de idade intermediária, o lago Tauca que é o responsável pela formação do atual salar de uyuni (3.815m) e o atual Lago Titicaca (3.810m).



Então, o Salar de Uyuni um dia foi um lago (o denominado Paleolago Tauca).

Então, um dia, o Lago Titicaca tende a secar e potencialmente virar um salar.

E tudo o que você ouviu de boatos sobre "ali no salar era mar", ou "há crustáceos marinhos por ali", ou "titicaca é um restinho de mar", são mentiras! O salar era um lago, um grande lago, algo parecido com o Lago Titicaca, geologicamente, denominado de paleolago TAUCA. Ele foi o responsável pela formação do Salar de Uyuni. E o lago Titicaca é um lago, sim um lago, não tem nenhuma relação com o mar, apenas com águas interiores e com as eras glaciares das montanhas ao seu redor. Veja a figura abaixo, mostrando a localização atual do Lago Titicaca e a localização do que um dia foi o Lago Tauca.









PALEOLAGOS E LAGO TITICACA



O Sistema Lacustre atual do Altiplano Andino é resultado da evolução de um sistema mais antigo que se inicia desde o Pleistoceno inferior até o final do Plioceno passando por uma transição de um clima relativamente quente a um clima frio e úmido.

O Plioceno é caracterizado pela presença de depósitos fluviais e lacustres correspondendo a um clima relativamente quente, ao passo que o quarternário é marcado por uma mudança climática importante, o clima sofre um brusco resfriamento e aparecem glaciações há cerca de 3 milhões de anos atrás, ocasionando modificações profundas nos tipos de depósitos.

A existência e tamanho dos lagos está diretamente ligada ao derretimento das geleiras e à tectônica do ambiente, a princípio, dos períodos interglaciais. Como para os glaciares, a superfície dos lagos diminuem consideravelmente com o passar do tempo rumo ao Quaternário. 

Estudos sobre paleolagos tem permitido estabelecer relações entre as formações lacustres e os eventos de glaciação mundial. Dessa forma, as extensões máximas dos lagos correspondem ao final de uma glaciação.

Mas por que atualmente existe o Lago Titicaca?

Deformações tectônicas plio-quaternárias fraturaram porções da cordilheira num contexto de deformação neotectônica de extensão de direção N-S, em todo o quarternário, assim foi criada uma fossa tectônica que atualmente é preenchida pelo Lago Titicaca.



REFERÊNCIAS

- Alain Lavenu - http://horizon.documentation.ird.fr/exl-doc/pleins_textes/divers08-10/36604.pdf
- Kessler - https://freidok.uni-freiburg.de/dnb/download/4255
- Salar de Uyuni U.S Geological Survey 



Geologia de ICA e ISLAS BALESTAS











Peru - Geologia de Cusco e Machu Pichu

Aproveitando o gancho sobre relevo do post anterior, veja a figura abaixo. Nela, a cidade de Lima estaria bem próxima do mar e a menos de 130km da costa já existem picos de 6.000m, depois disso, há inúmeros altos e baixo em uma região bastante acidentada sobre a cordilheira oriental (ou leste) onde está localizada a cidade de Cusco (3.400m) e a famosa Machu Pichu. Então, sair de Lima e viajar em direção a Cusco é um desnível de mais de 3mil metros de altitude (por isso a importância de chega a Cusco e pegar leve, esperando o corpo se ambientar primeiro). Em meio a esses altos e baixos da Cordilheira Oriental, alguns picos ultrapassam os 6.000m que é o limite denominado snowline, ou seja, acima dele os picos começam a se manter nevados devido a elevada altitude.




Figura 1: Perfil topográfico da costa do pacífico, passando pelo povoado de Cusco até a região de Wasai. Identifica a linha de neve e as diferentes zonas de vegetação da região.




A figura abaixo, retirada do Google Earth (com exagero de 3x), ilustra a localização da cidade de Cusco em um terreno um pouco menos íngreme, rodeado de um relevo bastante acidentado. Isso demonstra a peculiaridade dos pousos no aeroporto da cidade, na maioria dos aeroportos do mundo, os aviões vão descendo gradativamente, em Cusco não é bem assim devido as montanhas altíssimas ao redor, então, como muitos relatos da internet afirmam: "pousar em Cusco é uma experiência única". 


Figura 2: Cidade de Cusco rodeada de montanhas da Cordilheira dos Andes. Em azul, localização do aeroporto, em rosa, localização do ponto turístico  de Qqoricancha e em verde localização do Hostel Loki (onde pretendemos ficar). Observe que a imagem está posicionada com o ponto cardeal Oeste a frente e Norte a direita.


A famosa Machu Pichu está localizada em meio a inúmeras montanhas, algumas inclusive com picos de neve. Para se ter noção da localização de MP em relação a Cusco, veja a figura abaixo. Tanto Machu Pichu quanto Cusco estão localizados no no contexto geológico da Cordilheira Oriental (ou leste).


Figura 3: Imagem do Google Earth com exagero vertical 3x demonstrando variação do relevo aos arredores de Machu Picchu e identificando a localização do povoado de Cusco. (Novamente, observe que o mapa está com o Norte em direção não habitual, ou seja, não está apontado para cima/frente, está na verdade na posição esquerda inferior, portanto não se confunda na posição real das cidades, ok?! Gerei a figura assim, apenas para conseguir mostrar o relevo das montanhas e a posição de MP e Cusco ao mesmo tempo.)


GEOLOGIA DE CUSCO

A cidade de Cusco está assentada sobre a Formação San Sebastian de idade Pleistocênio e é rodeada a sul de montanhas que compõem o Grupo Chitapampa de idade Cretáceo superior com as formações Lucre, Huaro e Quincas (conforme ilustra o mapa a baixo - nas cores verde). Ao norte, também está presente a formação Lucre e outras mais antigas como Formação Sangará e o Plúton Acomayo (vermelho do mapa, ao redor de Cusco). Veja o mapa:

Fonte: Ingemmet



FORMAÇÃO SAN SEBASTIAN:
 composta por uma sequência de arenitos fluviais de canais entrelaçados, lutitos lacustres e níveis de diatomitos e calcários na parte superior. Possui outra sequência, desta vez, granocrescente, que é composta por conglomerados e arenitos de correntezas fluvio-torrenciais que indicam o encerramento da bacia. (arenitos formados em um antigo rio e lutitos formados em um antigo lago, então, um dia, existiu uma paisagem completamente distinta da que é hoje e se formaram essas rochas em lagos e rios. Diatomitos são rochas extremamente porosas formadas pela concentração de carapaças de diatomáceas -um tipo de alga que viveu no lago da época.)



PLÚTON DE ACOMAYO



GRUPO CHITAPAMPA: subdividido em formações Lucre, Huaro, Quincas, Yaurieque e Pócoto.

Formação Lucre (1.000m): composta por um conjunto monótono de arenitos (arocóseos e quartzo-arenitos), siltitos e argilitos. O ambiente deposicional é interpretado como uma bacia lacustre de pouca profundidade ao lado de depósitos fluviais.

Formação Huaro (1.000m): composta pela intercalação de arenitos, siltitos, argilitos e conglomerados finos. Ambiente deposicional similiar ao da formação Lucre.

Formação Quincas (1.200m): ocorre nas porções elevadas do quadrado de Cusco, na divisão dos rios Vilcanota e Yaurisque. É composta por arenitos, argilitos, siltitos e algumas lentes de quartzito e mármore. "Las características de las rocas que conforman esta unidad sugieren un ambiente de sedimentación tranquilo"

REFERÊNCIAS (Cusco)


  • http://bibliotecavirtual.ingemmet.gob.pe:84/xmlui/handle/123456789/2796
  • http://ider.regioncusco.gob.pe/GEOLOGIA/PROV_CUSCO/DIAGNOSTICO%20PROVINCIAL/EXP_TECNICO_CUSCO.pdf
  • http://pt.calameo.com/read/00082012954e9e0dcdb7c

GEOLOGIA DE MACHU PICHU E HUAYNA PICCHU

O Mapa geológico dessas duas regiões está disponível na carta de Urubamba (nome do rio principal da região e de uma pequena cidade), disponível em: aqui.

Mais ou menos no meio do mapa há uma unidade em branco que contorna o Rio Urubamba, esse unidade está presente em todo o vale do rio e tem idade quarternária, mais especificamente do Holoceno (ou seja, muito recente), são depósitos fluviais diversificados da Formação San Sebastian.

Seguindo a unidade supracitada (branco no mapa), a esquerda do mapa, onde esta unidade se encontra com a unidade em vermelho (P-gr) está localizada a famosa Machu Pichu, essa unidade é composta por rochas intrusivas de idade Permiana. 

No passeio do "Valle Sagrado", visitaremos Ollantaytambo e lá, aos pés das ruínas Incas afloram rochas da Formação Ollantaytambo (Paleozóico/Cambriano) que é considerada a unidade mais antiga de rochas da região. 


FORMAÇÃO OLLANTAYTAMBO (C - o)

Essa unidade é composta na base por 50 a 100m de brechas e conglomerados, seguido de quartzo-arenitos e estão em contato com andesitos (ignibritos) de cor escura que afloram aos pés da ruínas de Ollantaytambo onde se pode ver "disjunción en láminas plegadas". (Que isso? eu ainda não descobri..). Mais acima é possível identificar lutitos verdes intercalados com quartzito verde acinzentado com espessura de 700 a 800m. Todas essas rochas são afetadas pela folheação (esquistosidade, em espanhol) eoherciniana, onde os níveis vulcânicos cinzas estão folheados. 

As rochas vulcânicas e a abundância de folhelhos verdes sugerem uma origem vulcano-sedimentar, em um ambiente médio continental, possivelmente posterior à Tectônica Brasílidia (550-600Ma).

Esta formação pode ser correlacionada com várias outras pelo mundo, tais como Grupo Limbo (na Bolívia) e outros depósitos cambrianos em Mato Grosso (no Brasil).



FORMAÇÃO SAN SEBASTIÁN (Q - Sa)

Essa formação é caracterizada por formar duas sequências. A primeira grano-decrescente, constituída por sequencia de arenitos fluviais de canais entrelaçãdos deltáicos e lutitos lacustres, além de níveis de diatomíticos e calcáreos que caracterizam a parte superior. A segunda granocrescente é composta por conglomerados e arenitos fluvio-torrenciais que indicam o fechamento da bacia. Nessas rochas se encontram estruturas compressivas sinsedimentares. Todos os estudos de fósseis presentes na bacia sugerem uma idade pleistocena inferior para a formação.



DEPÓSITOS GLACIARES (Q - g)

Por ser um tópico "raro" e interessante, achei relevante enfatizar. Nas redondenzas de Ollantaytambo e em alguns vales próximos a Machu Pichu, temos (em cinza no mapa) depósitos glaciares. Esses depósitos se encontram ao pé das cadeias nevadas. Alguns autores descrevem a glaciação pleistocénica do norte de Urubamba modelada por uma ação erosiva dos antigos glaciares pleistocenos que quebraram as impressiones nas rochas in situ.


REFERÊNCIAS (Urumbamba: MP e Valle Sagrado)


  • http://pt.calameo.com/read/0008201297cbfd23d86de
  • http://geocatminapp.ingemmet.gob.pe/complementos/Descargas/Mapas/publicaciones/serie_a/mapas/27-r.htm