Falar de geysers não é nada simples. A primeira dúvida é como é que se escreve isso afinal? Geiser? Géiser? GÊiser? ou seria Geyser? Além disso, como é que se pronuncia essa palavrinhas bem peculiar?
ETIMOLOGIA
(https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/a-etimologia-a-pronuncia-e-o-significado-de-geiser/31927)
Em português, aceita-se a forma geyser, pronunciada "gáizer", próxima da atribuída ao inglês americano, embora exista um aportuguesamento,gêiser, que soa "jêizer" (cf. Dicionário Houaiss e transcrição fonética das respetivas entradas no dicionário da Academia das Ciências de Lisboa).1 Parece muito pouco provável que geyser/gêiser provenha diretamente do islandês; o mais plausível é o termo ter chegado ao português por via do inglês, eventualmente pelo alemão, como sugere o Dicionário da Língua Portuguesa da Infopédia — e, já agora, porque não pelo francês? Quem sabe se foram estas três línguas ao mesmo tempo, por intermédio dos livros que chegavam a Portugal ou ao Brasil, que contribuíram para a adoção da palavra em traduções? Não obstante, o facto de a palavra estar atestada pela primeira vez em 1838 (cf.Dicionário Houaiss), numa época (o século XIX) em que o francês atuava como língua de divulgação científica para muitas outras, leva-me a não descartar a hipótese de uma transmissão francesa, pela razão que explico um pouco mais abaixo.2
Assim, relativamente à grafia e pronúncia da palavra em apreço, convém observar o seguinte:
1. Entre os vocabulários ortográficos atualmente disponíveis, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras e o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Porto Editora acolhem o aportuguesamento gêiser e o estrangeirismo geyser. OVocabulário Ortográfico do Português do ILTEC apenas consigna geyser como estrangeirismo, enquanto no Vocabulário Ortográfico Atualizado da Língua Portuguesa da Academia das Ciências só figura gêiser. Por outras palavras, o aportuguesamento que a norma prevê é gêiser, e não outras grafias; também se admite a grafia geyser, mas, como é hábito nestes casos, recomenda-se o uso de itálico ou de aspas. Observe-se que, antes da aplicação do Acordo Ortográfico de 1990, já se registava a forma gêiser em alguns dicionários (p. ex., Dicionário Houaiss e dicionário da Academia das Ciências de Lisboa). José Pedro Machado, por seu lado, apresentava géiser quer no Grande Dicionário da Língua Portuguesa quer no Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, mas esta variante gráfica e fónica não parece ter atualmente favor. É, portanto, estranho que o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa (em linha) a assuma como característica do português europeu, em contraste com gêiser, que classifica de variante brasileira, uma vez que, como já apontei, em dicionários do português europeu também ocorre a forma gêiser, sem menção de se tratar de forma brasileira.
2. Não excluindo a possibilidade de a palavra ter sido pronunciada "guêiser", de algum modo conservando a consoante articulada em islandês, a verdade é que a criação do aportuguesamento gêiser terá tido em conta a leitura da forma geyser de acordo com as convenções próprias da ortografia portuguesa (um g seguido de e tem o mesmo valor do j de viaje). Outra hipótese é o vocábulo ter sido transmitido com conhecimento da sua pronúncia em francês, língua em que a pronúncia com j veio a prevalecer sobre a que tinha o g oclusivo (como em guerre; cf. comentário sobre geyser no Centre de Ressources Textuelles et Lexicales).
3. Sobre o significado de geyser/gêiser, o que foi referido transpõe exatamente a informação da nota etimológica do Dicionário Houaiss. Pela observação da consulente, tal informação será pouco exata; contudo, parece-me que a definição «poço que jorra» é mais a descrição de um dado fenómeno natural do que a tradução fiel ou literal de geyser. De qualquer modo, fica registado o reparo.
1 Um geyser/gêiser é «jacto intermitente de água quente que irrompe do solo» (Dicionário Priberam da Língua Portuguesa).
2 José Pedro Machado, no Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, aventa a possibilidade de a palavra gêiser (que este autor grafa como géiser) ter entrado na língua portuguesa no século XIX, por via do inglês. Antônio Geraldo da Cunha, no seu Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa (Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 1986) afirma sem hesitações que o termo vem «do ing[lês] geyser, deriv[ado] do islandêsGeysir, nome próprio de certa fonte de água quente na Islândia.
COMO SE FORMAM OS GÊISERS?
Tá. Agora que já sabemos como se escreve e se fala, vamos descobrir como é que se formam esses "jatos intermitentes de água quente que irrompem do solo".
A formação de um gêiser depende de diversos fatores. Primeiro é necessário que exista água no subsolo, segundo é preciso que nesse subsolo exista uma grande fonte de calor e, em terceiro, é essencial que existam espaços vazios nesse subsolo para que a água consiga ser transportada até a fonte de calor e depois que ela se aquecer que ela consiga subir até emergir no solo. Então, o sistema todo funcionará como uma espécie de bombeamento natural da água. Como? A água entra em temperatura natural, se move até o aquífero (reservatório de água subterrânea) e recebe calor da fonte de calor, então, se aquece e entra em ebulição, além disso, essa fonte de calor (que quase sempre é a geoterma relacionada a um vulcão) emite gases que entram no aquífero, então, além de vapor d'água esses gases começam a se movimentar e quebram o equilíbrio do ambiente do aquífero devido ao excesso de energia localizada, assim, ocorre a "explosão de água" (pensa numa água esquentando no fogão da sua casa, ela começa tranquila e parada, aos poucos começa a se movimentar, quanto está fervente, a água além de bolhas começa a "estourar" pra cima, voando um pouquinho de água para além da panela.. é essa a idéia!). Então, a água sobe do solo em jatos que alcançam até 8 metros e 70ºC de temperatura (em Yellowstone, local famoso onde se concentram mais de 200 gêisers). Depois da explosão o sistema entra em equilíbrio novamente e se inicia um novo ciclo, ou seja, mais água irá se acumular, se aquecer juntamente com outros gases até o limite que irá explodir novamente e assim segue, sucessivamente, ciclo pós-ciclo.
Cada geiser tem suas peculiaridades. Alguns emitem água em intervalos de poucos segundos, outros apresentam suas explosões em intervalos de semanas. Isso depende do sistema subterrâneo de fornecimento, transporte e elevação da temperatura da água no subsolo. Apenas quando a água atinge seu limite de instabilidade ocorre a erupção da água. A temperatura que a água é expelida também varia bastante, de 50ºC a 140ºC a depender das variáveis do sistema. Mas aí vem uma curiosidade química: como é possível a água ter temperatura de 140ºC se o ponto de ebulição da água é 100ºC. Bom, esse ponto de ebulição de 100ºC conhecido por todos nós é válido e real, porém, só se aplica a "temperaturas normais de pressão" ou seja na pressão padrão que vivemos. Porém, lá em baixo no subestrato rochoso, as pressões são bem mais elevadas, permitindo que a água atinja temperaturas elevadíssimas sem entrar em ebulição e, quando o sistema atinge o seu completo desequilíbrio e explode, a água sobe tão rápido que não consegue virar totalmente vapor antes ates de atingir a superfície.
Gêiser X Águas Termais X Fumarolas
Um ponto importante é a variável do nível de dificuldade do caminho percorrido pela água. A depender disso podemos ter a formação de três coisas distintas: fumarolas, gêisers ou nascentes termais.
Fumarola: cavidade no chão que expele fumaça, normalmente branca. A maioria das fumarolas ocorre nas regiões vulcânicas e os gases expelidos são geralmente mistura de dióxido de carbono, hidrogênio, sulfeto de hidrogênio, ácido clorídrico e nitrogênio. Por isso o famoso e incomodo cheiro de enxofre costuma estar presente. Não há jato d'água devido a ausência de água ou do sistema adequado de transporte e ambiente para acumulo de pressão que geraria a explosão.
Fumarolas na Travessia de Uyuni para Atacama
Gêiser: são cavidades no chão que expelem jatos intermitentes de água quente, além de água, também estão presentes os vapores, assim como nas fumarolas. Eles se formam em locais que o transporte da água se encontra em um ambiente relativamente fechado, propício a elevação de pressão até que exploda água para cima para aliviar esta pressão.
Explosão de um pequeno Geiser do complexo de Geisers El Tatio (Travessia de Uyuni para Atacama)
Nascente Termal: como qualquer nascente de água, é um local onde a água brota do subsolo, neste caso, em especial, a água apresenta temperaturas mais elevadas do que as usuais uma vez que passou pelo processo de aquecimento semelhante ao das estruturas supracitadas, porém, nesse caminho não existiu o ambiente propício a acumular água+gases de maneira que houvesse o aumento considerável de pressão, então, sem este ambiente não há pressão suficiente para a explosão de água, por tanto, a água apenas nasce no solo, como uma nascente comum. São nascentes (ou poços que captam água do subsolo quente) que alimentam as piscinas termais ou lagos/rios termais. Quem já assistiu "O Inferno de Dante" conhece os perigos de águas diretamente relacionadas a vulcões. Se é verdade? Não sei afirmar o quão verdade ou quão mito, mas posso afirmar com certeza que quando falamos de vulcões, terremotos e demais eventos naturais grandiosos do Planeta, certamente a única certeza que temos é que nada é certo e que nada é previsível.
Piscina Termal (Travessia de Uyuni para Atacama)
Gêiser e os Geisersitos
As águas que entram em contato com as rochas no subsolo, aos poucos, vão dissolvendo as rochas e absorvendo parte de seus elementos. Quando ocorre a explosão de água, a água com esses elementos (basicamente sílica) começa a cristalizar e construir ao redor do orifício do geiser um cone (algo parecido com um minivulcão) popularmente de geiserita que na verdade é composto de calcedônia e/ou opala (variedades criptocristalinas do mineral de quartzo, SiO2).
El principal y más grande montículo de sinter del campo, el cual tiene unas dimensiones de 1,5m de alto y 2 m de diámetro. (Fotografía: Miguel Cáceres Munizaga/14-08-2009) - Foto:
GEOSITIO GEISERES EL TATIO
(http://www.sociedadgeologica.cl/geiseres-del-tatio/)
"El Tatio es el campo geotérmico más reconocido del país y principal destino turístico de la zona norte. Se ubica a 65 km al este de Calama, a 4.290 ms.n.m (el más alto del mundo). Se compone de 80 géiseres activos (8% mundial), fuentes termales y amplias terrazas de sinter que comprenden un área de 10 km2, lo que lo posiciona como el campo de géiseres más grande del hemisferio sur y el tercero a nivel mundial. Está emplazado en los niveles superiores de un graben de ~4 km de ancho por 6 km de largo, el cual está relleno por 800 a 2000 m de rocas volcánicas, su flanco oeste lo constituye el Horst Serranía Tucle-Loma Lucero, mientras que por el este, estratovolcanes andesíticos y domos riolíticos del Grupo Volcánico El Tatio. El agua proviene de un área de entre 12 – 20 km2 localizada al E-SE, la cual migra lateralmente por tres acuíferos (ignimbritas Puripica, Salado y dacita Tucle), los cuales están sobreyacidos por unidades relativamente impermeables (tobas Tucle e ignimbritas Tatio). El sistema hidrotermal es alimentado por los las calderas Pastos Grandes y Guacha, permitiendo que agua caliente surja controlada por fracturas NW-SE y NE-SW."
REFERÊNCIAS
http://www.sociedadgeologica.cl/geiseres-del-tatio/
http://www.sociedadgeologica.cl/geiseres-del-tatio/
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