Faltando apenas dois dias para a viagem, consegui fazer um apanhado de informações sobre os Vulcões mais próximos que iremos passar. Eles ficam na região de Antofagasta, norte do Chile, na verdade, bem na fronteira com a Bolívia no caso do Ollague e do Licancabur. Por isso, estes pontos turísticos apresentam duas visões: a "visão boliviana" e a "visão chilena".
Esta região é a região vulcânica central (CVZ), mostrada nos mapas do post sobre a Cordilheira dos Andes. De norte para sul, estão: Ollague, Licancabur e Lascar como ilustra a imagem a seguir:
Observação: O percurso registrado na imagem seria um caminho direto de Uyuni para o Atacama, não é a travessia clássica que apresentei no post anterior sobre Uyuni.
VULCÃO OLLAGUE
Localizado na fronteira entre Chile e Bolívia (21°18′S, 68°11′W), na Zona Vulcânica Central dos Andes, o Vulcão Ollague é visto no horizonte em diversos passeios do lado Chileno e pode ser visto na travessia de Uyuni (3 ou 5 dias, isso com vc indo ou não indo para o Atacama, de qualquer forma, verá o Vulcão).
Bom, ele é um vulcão quaternário (bastante recente quando consideramos o tempo geológico) tem aproximadamente 85km³ de volume e apresenta em seu topo uma insistente fumarola que pode ser vista no horizonte, essa fumarola está associada a cúpula de lava no interior do vulcão. Atualmente a 5.868m de altitude no seu pico norte e 5.863 no seu pico sul, ao seu redor encontram-se os salares de Ollague e San Martin no patamar médio de 3.690-3.694m, então, o desnível da sua base até o topo é de aproximadamente 2.170m.
Em 2005, cientistas utilizaram o novo método de datação de rochas 'recentes' utilizando o elemento químico Argônio. Esses estudos de datação de rocha identificaram 4 eventos de atividade deste vulcão, cada um desses eventos formou um conjunto de rochas que denominamos de série, a saber:
- Série Vinta Loma (Ollague I): é uma sequencia de rochas formadas pelo derrame de lavas em mais ou menos 1.230 a 910 anos atrás.
- Série Santa Rosa (Ollague II): foi um evento de colapso vulcânico lateral, formando rochas pelo derrame lateral e depósitos de avalanche á mais ou menos 870 a 641 anos.
- Série El Azufre (Ollague III): derrame de lavas pelo ápice do vulcão há mais ou menos 410 a 292 anos atrás.
- Série Cecilia (Ollague IV): derrame lateral de lava com depósitos de avalanche associados há mais ou menos 220 a 130 anos atrás.
A) Structural map of the summit area (above 4750 m asl) of the Ollagüe volcano. Aerophoto centered on the Ollagüe volcano summit (shooting 1964, scale ∼1:50,000) as base map. CI: crater rim I; CII: crater rim II; CIII: crater rim III; SIa and SIb: fault scarp I; SIIa and SIIb: collapse scarp II; SIII: collapse scarp III. Location of new 40Ar/39Ar dated samples is shown by black diamonds. Lithostratigraphic units boundaries as in panel B. B) Geologic map of the summit area (above 4750 m asl) of the Ollagüe volcano. White areas are colluvium cover and glacial deposits. Symbols as in panel A. (Vezzoli et. al, 2008)
Photographs of the north-western (A), south-eastern (B) and southern (C) flanks of the summit area of the Ollagüe volcano showing the lithostratigraphic units and the structures described in the text. Unit numbers and symbols as in Fig. 3. A) The north-western flank shows the unconformity between Vinta Loma series (unit 1) and Santa Rosa series (unit 2) lavas along the fault scarp SIa. The collapse scarp SIIa is on the Santa Rosa series lava flows. The collapse scarp SIII is at the base of the lava domes of the Santa Cecilia series. In the background, the hydrothermally-altered mega-breccia deposit (unit 4) is related to the failure along the collapse scarp SIIa. The crater rims CII and CIII are visible along the outline of the mountain. B) The eastern flank shows the unconformity between the sub-horizontal lava beds of the El Azufre series (units 6 and 9) and Santa Rosa series (unit 2) and the outward dipping Vinta Loma series lava flows (unit 1). C) On the right side of the southern flank, the collapse scarp SIII cuts the lava flows of the El Azufre series (unit 7 and 8). In the foreground the profile of the crater rim CIII forms the outline of the Ollagüe South peak. On the left side, the active lava dome is evidenced by fumarolic activity. (Vezzoli et. al, 2008)
Seguindo essa lógica de datas, ele entra em atividade mais ou menos de 400 em 400 anos. Como tem no máximo 220 anos desde sua última atividade, acho que estamos seguros para ir visitá-lo em 2017. Mais uma vez, é claro que não existe nenhum tipo de certeza quando o assunto é eventos da natureza, tudo pode acontecer. Nele então, gente, a fumacinha está lá todos os dias! Eu sinto como se fosse o vulcão falando: olha, eu ainda estou vivo, viu?!
Inclusive, o Serviço Nacional de Geologia e Mineração (Sernageomin) do Chile decretou ALERTA VERDE para o Vulcão Ollague, no dia 01 de Setembro de 2016.
"El Servicio Nacional de Geología y Minería (Sernageomin) da a conocer la siguiente
información, obtenida a través de los equipos de monitoreo de la Red Nacional de Vigilancia
Volcánica, procesados y analizados en el Observatorio Volcanológico de los Andes del Sur,
centro de interpretación de datos del Sernageomin:
Hoy jueves 1 de septiembre de 2016 las estaciones de monitoreo instaladas en las inmediaciones del
volcán Ollague, registraron un enjambre de sismos volcano tectónicos (asociados a fracturamiento de
roca), registrándose entre las 20:54 hora local (23:54 GMT) y las 22:45 hora local (01:45 GMT) un total
de 130 eventos. El evento de mayor energía tuvo una magnitud local de 2,5 y fue localizado a 2,5 km al
nor-noroeste (NNO) del cráter principal."
Quem quiser ler com mais detalhes, recomendo:
VULCÃO LICANCABUR
Localizado na fronteira entre Chile e Bolívia, na porção sul na Zona Vulcânica Central dos Andes, o Vulcão Licancabur está a aproximadamente 175km do Vulcão Ollague. Ambos podem ser vistos no horizonte em diversos passeios do lado Chileno e na travessia de Uyuni (3 ou 5 dias).
Fig. Localisation du volcan Licancabur dans la zone volcanique des Andes centrales ; en cartouche bas: les quatre zones volcaniques andines
(NVZ : 58N—28S, CVZ : 148S—278S, SVZ : 338S—468S et AVZ : 498S—558S, zones septentrionale, centrale, méridionale et australe,
respectivement) et haut : la CVZ au sud de 178S (Figueroa et. al, 2008)
É um vulcão "adormecido", tudo indica que foi principalmente constituído aós o período glacial tardio (12-10 mil anos atrás). Possui três principais unidades litológicas: upper unit, intermediate unit e lower unit. Além disso, apresenta depósitos associados de moraines e avalanches, conforme ilustra a figura acima.
Do lado boliviano é possível ter uma linda visão da laguna verde aos pés do vulcão, já do lado chileno a vista é composta apenas pelo próprio vulcão, como ilustram as imagens a seguir:
Laguna verde e o Vulcão Licancabur, Bolívia.
Vulcão Licancabur, Chile.
VULCÃO LASCAR
Foi o único vulcão da região que nós, meras mortais, cogitamos subir. Subir mesmo, fazendo um trekking de dificuldade elevada. Ainda não abandonamos totalmente a ideia, mas ao fazer umas cotações de preços achamos melhor deixar para lá. Sem contar que a subida é HARD mesmo, não é um passeio, é uma aventura. Como ainda não fui, não sei. Quem sabe conseguiremos um bom desconto com alguma empresa lá, mas pagar 120.000CH (+/- 170 dólares) em tempos que o real está valendo quase nada, não será fácil.
O Vulcão Lascar tem 5.592m e está situado a 70km ao sudeste da cidade de São Pedro do Atacama, ou seja, a uns 60km do Vulcão Licancabur. Li relatos que é possível contratar uma empresa que te busca em San Pedro do Atacama e te leva até o pé do vulcão dando suporte na subida e descida, retornando no mesmo dia para San Pedro.
O que mais chama atenção neste vulcão é que sua atividade é recente. Quando digo recente é recente mesmo, desta vez sem apoio do tempo geológico. Em 1993, ele entrou em erupção e se formou uma enorme nuvem de cinzas, foram tantas cinzas que elas chegaram até o litoral brasileiro.
Há quase um ano atrás (30/10/2015) o Serviço Nacional de Geologia e Mineração do Chile (SERNAGEOMIN) decretou ALERTA AMARELO depois da observação do aumento de atividade no Vulcão Lascar. Nesta data, foram emitidas cinzas em uma coluna de fumaça de 2.500m.
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